sábado, 20 de outubro de 2012

Deprê....(no Japão)



Antes de mais nada, devo dizer que o texto será enorme, logo, desde já agradeço quem tiver paciência para ler. :)
Imagens randômicas retiradas do Google.



Depressão...


Tá aí uma "doença" que atinge o mundo todo.

Juntamente com o stress são as doenças do século XXI, pode até parecer exagero falando dessa forma.
Mas, isso é tratado como doença, já que em muitos casos, os mais agudos levam à morte, ou muitos a morte se for melhor dizendo.

Não sei ao certo se isso já havia me acontecido antes, nunca parei para perceber, talvez tenha tido em sua forma mais leve.
Já o stress, bem esse já faz parte de quem trabalha por aqui.
Já passei por várias crises enquanto estive aqui, crises do mercado e não crises existenciais.
Cortes, demissões, queda de produção, diminuição de jornada de trabalho, foram tantos perrengues ao longo destes anos.
Enfrentei desde pequenas crises até as grandes, como o que ocorreu em 2008.

Enfim, não é sobre crise que vim falar, apesar de ter algum tipo de ligação.
.
O fato é que ultimamente me deparei com o que pode se chamar de depressão,  quando citei sobre talvez já ter passado por isso é que por vezes essa doença é imperceptível dependendo do seu grau e o tempo de duração varia muito de casos para casos.

O fato é que dessa vez eu me senti diferente, alheio a muita coisa, distraído, tristonho, cansaço, insônia e falta de vontade de fazer muita coisa, até mesmo aquilo que me dava prazer, como meus hobby´s.

Sim, não dava vontade de fazer mais nada e mesmo assim, sentia o corpo pesado ao extremo, desmotivação em tudo.

Talvez, tenha sido proveniente do atual momento em que venho passando, profissionalmente falando.

Pode até ser utópico e soar estranho para muita gente, mas eu gosto do meu serviço, gosto do que faço, por vezes me estressa, mas mesmo assim ainda posso afirmar que gosto do serviço.

Afinal,  já são praticamente uma década e meia de dedicação no mesmo serviço (tá certo, não foi tudo isso de tempo de dedicação), e posso dizer que é muita coisa em termos de Japão.
Muita gente sequer cogita ficar tanto tempo no mesmo serviço por aqui, seguindo a mesma rotina, vendo as mesmas máquinas, peças, chefes, enfim, tudo repetidamente por anos a fio.

Claro que nesse meio tempo senti desânimos, mas que duraram pouco tempo, aliás isso acontece com qualquer um depois de um tempo trabalhando no mesmo lugar.

Mas, bastava corrigir a postura, respirar fundo e erguer a cabeça, pronto, sentia-me como novo, claro que esse sentimento não desaparece tão fácil assim, mas cabe a nós superarmos o quanto antes e da melhor forma possível.

Só que agora, parece que estou lidando com algo novo, diferente....um inimigo invisível que habita em minha mente.

E que não quer sair tão fácil assim, obvio que não sairá de uma hora para outra, já que meu psicológico está abalado.
E no ápice disso, me passou pela cabeça se já não passou da minha hora nesse serviço (não, não pensei em me matar, como acontece em muitos casos, não vejo sentido nisso e estou muito bem, consciente, plenos de minhas faculdades mentais).


Durante o expediente de trabalho fico pensando se meu prazo de validade dentro da empresa já expirou e que deveria buscar novos ares, um novo serviço, já que estaria eu numa idade em que se deve definir de vez para onde devo seguir, achar meu rumo.

O mercado de trabalho se afunila com o passar do tempo (idade).

Pois é frustrante saber que dentro da minha cabeça, tenho me dedicado ao serviço sempre.
Sempre buscando me esforçar o quanto posso e apresentar um ritmo de serviço pelo menos satisfatório, apesar de saber que (na minha cabeça) faço muito mais que muita gente.

Mas, não sou daqueles que ficam se gabando: "olha só, corro mais que você, me dedico mais que você" e coisas do gênero.

Até porque não faz sentido algum falar isso para pessoas do seu grupo, quem tem de avaliar isso são os chefes, quando digo avaliar, fazer eles verem que está se esforçando e não ficar falando, falando...já que isso enche o saco de qualquer um.

Bom, o momento atual do serviço é  instável, houve queda de produção e conseqüentemente queda na jornada de trabalho.
E fui escalando para ser "emprestado" para outra unidade do grupo.

Antes de continuar, volto um pouco no tempo.
Neste mesmo ano, depois do início do ano fiscal (Abril) a empresa passou pela mesma situação, queda de serviço.
E fui escalado (até onde sei) para ajudar uma seção de outra unidade, uma seção de testes e protótipos, bem diferente da minha realidade.

Aliás, vale atentar para o fato de que pelo que me relataram é muito difícil em estrangeiro ser admitido numa seção dessas, já que não se trata de uma linha de produção e que muitos componentes, novos inclusive são testados.

Enfim, o plano inicial era de ficar por pelo menos 3 meses para ajudar.
O mote foi de que minha experiência profissional pesou no fato de me chamarem, pelo tempo que exerço no serviço.

Sim, fui, mas não achando ser a bolacha mais gostosa do pacote, por se tratar de um serviço diferente, que tinha certa semelhança do que vinha fazendo.
E chegando lá, os japas presentes já chegaram falando do meu "status" (???que status???), de ser veterano, de ser especialista e tal.

Humildemente (acreditem) falei que as coisas não são assim, que eu estou chegando para ajudar e que não tem essa de especialista, até porque as máquinas, as peças, o ambiente de trabalho, enfim, tudo é diferente, talvez o que se assemelha seja a forma de se fazer o serviço.

Claro que para o ego das pessoas, isso soa muito bem, lhe faz se achar e tudo mais.

Mas, com os pés no chão, fui fazer o meu novo serviço e executá-lo da melhor forma possível.
Ouvi  que me elogiaram aos meus superiores.

Pra mim, é indiferente, não mudei minha postura, meu jeito de trabalhar, minha dedicação.
Porém acabei voltando antes do prazo combinado por determinação dos superiores, já que minha seção havia aumentado o serviço.


Bom, é um resumo mais ou menos da minha passagem a outra unidade e talvez quem sabe depois eu conte mais detalhadamente.

Voltando a atualidade, depois de meio ano retornei para essa mesma seção, as mesma peças que havia feito antes e tudo mais.
Desta vez o motivo não ficou claro, já que com a queda do serviço seria necessário deslocar algumas pessoas.

E quando fui avisado sobre esse retorno já me bateu uma certa decepção.
Sim, por não ter um motivo claro, me abriu na cabeça a possibilidade de me deslocarem temporariamente para outro lugar até as coisas voltarem, tipo, ao invés de ser chamado, fui enviado.
Parece não ter muita diferença, mas tem, acreditem.


Ainda mais para alguém que tinha em mente que, estava dando duro, suando e fazendo o melhor possível pela empresa.

E esse "envio" seria como um balde de água fria no que vinha pensando, tipo, não estaria fazendo o melhor e de forma coerente, apesar de (que na minha concepção) achar que estaria bom ou pelo menos satisfatório.

É uma crise pessoal, te faz levantar questionamentos sobre sua postura dentro da empresa.
Até mesmo o fato de fazer pensar "porque eu, se tem pessoas que fazem menos?".
Um agravante na minha "moral" é o fato de que semanas antes, houve algumas queixas minhas aos superiores ao fato de que teriam de ser mais "duros" com certas pessoas.
Já que vinha acontecendo seguidos problemas operacionais.
Com a forma branda com que eles repassavam os ocorridos e as ordens de fato não mostravam ter efeito algum.
E não, não pedi a cabeça de ninguém , até porque não sou disso, não acho que tenho de intervir perante os chefes dessa forma.
Só cobrei uma postura mais rígida, somente.

E dias depois me vem a informação de que seria deslocado o que me pareceu (pelo menos no início) como uma censura, uma amostra de...abaixa a bola aí, não vamos mudar nossa postura, mesmo sabendo que ser rígido de fato poderia "surtir" algum efeito.
Tipo, minha intenção ao falar disso era pensando na empresa, no que poderia melhorar ou deixar menos pior.

Se de fato foi isso ou é só coisa da minha cabeça eu não sei, mas de primeira me veio isso na cabeça.
Já que de volta a essa seção, a carga horária de nada difere da seção que vinha trabalhando.

E por conta disso, me senti abatido, fraco, desolado e levou minha "moral" ao nocaute, e isso deve ter de algum forma desencadeado essa pseudo-depressão que venho passando, ou que tomou posse de mim.
Eu não tenho o costume de me fazer de coitado, até porque meu alter-ego não deixa, meu orgulho não me permite.

Porém, apesar dessa toda minha insatisfação, tento me manter concentrado profissionalmente falando, continuo tentando manter a mesma performance, mesmo tendo de me esforçar quase que dobrando, por não estar conseguindo descansar direito e infelizmente alguma coisa acaba escapando, que no caso é a distração que não tinha.
Coisas simples, habituais, mas que acabam sendo esquecidas ou feitas de forma não normal.

E o melhor a fazer seria buscar ajuda especializada para ter um diagnóstico mais preciso, porém me vem a cabeça, será que conseguirei passar tudo que venho passando? Será que o médico vai conseguir diagnosticar direito? Será que isso não irá atrapalhar minha performance profissional? Será que não serei descartado?

São tantas perguntas que surgem na cabeça, tantos questionamentos.
Mas, o fato de eu conseguir reconhecer que venho enfrentando um problema assim, me mostra um lado bom.

Já que minha frieza e orgulho sempre se sobressaiam e maquiava toda e qualquer problema assim, excetuando o stress.

Tenho em mente que não será uma jornada fácil, mas exatamente por conta do meu orgulho, não vou me ajoelhar facilmente sem antes "brigar" muito contra essa doença.

Putz, f*da brigar contra sua própria cabeça, contra algo que não se vê, um inimigo imperdoável.
Quantos não deve estar passando por isso agora ou em graus  piores!?

E a cura?

Só vem com o tempo...


(putz, digitar tudo no Word e depois passar pra cá, as quebras de linha ficam todas zuadas).

< editado > depois de um tempo resolvi ler pra achar erros e falta de concordância, claro que deveria ter feito isso antes de finalizar o post, mas sempre deixo pra depois, em post menores até leio e re-leio antes, mas dessa vez não deu.

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